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sábado, 6 de junho de 2009

SER MÃE: Da Normalidade à Patogenia

O discurso da mãe é importante pelo nome que dá ás coisas, ensina os significados.


Assim é ela a fundadora dos valores e das auto-representações da criança. Esta é a função normal.

Mas, por vezes a mãe dá um duplo sentido ao seu discurso ( double-bind) levando á confusão mental da criança, ficando estas perdidas em papeis de perdedores e desqualificados. São o tipo de mães que dizem “ eu te ordeno que não deixes ninguém mandar em ti” ou diz em altos berros “ não grites”. A criança fica presa nas malhas de um duplo vinculo.

Outro aspecto é a mãe poder emprestar as suas “funções de ego”, como as capacidades de perceber, pensar, juízo crítico etc, de modo a organizar e processar as funções do ego do seu filho enquanto este ainda não as tem desenvolvidas.

Um aspecto importante das funções da mãe é ela representar para a criança um espelho em que esta se vai reconhecendo. Reconhecendo como ser amado.

Winnicot, psicanalista inglês já falecido dizia “ o primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe, o seu olhar, sorriso, expressões faciais etc

Outro aspecto é o reconhecimento das angustias mas também das capacidades do seu filho, nomeadamente dos pequenos progressos (para a criança enormes) que ele esteja conseguindo.

Deve-se favorecer na formação do psiquismo da criança representações valorizadas e admiradas tanto pela mãe como pelo pai.

É relevante a imagem que a mãe tem do pai, pois é esta que lhe passará.
Da mesma forma as representações que a mãe tem do potencial do seu filho tornam-se parte importante das representações que este terá de si próprio.

Os filhos não gostam de desiludir os pais e se os pais não valorizarem e acreditarem no filho este vai acabar por ser um fracassado.

A mãe é pois um importante modelo de identificação para o filho.

Uma adequada maternagem deve facilitar uma lenta e gradual dessimbiotização ( separação) e abrir caminho para a entrada em cena de um pai, passando de uma diade para uma relação a três, passando a criança a reconhecer a existência de terceiros numa relação.

A criança passa de um estado de narcisismo para um estado de socialismo, introduzida pelo pai na sociedade.

Uma adequada maternagem implica não só a essa necessária presença da mãe, mas também a condição de saber estar ausente e, com isso, promover uma progressiva e necessária " desilusão das ilusões" em que o bebé aprende a estar sozinho.

Isso remete-nos a uma função essencial de uma boa maternagem : a de frustrar adequadamente.

As frustrações, alem de inevitáveis, também são indispensáveis ao crescimento emocional e cognitivo da criança.

No entanto se forem demais ou não existirem, as frustrações, também são patogénicas.

As frustrações em demasia podem ser evitadas, pois tornam-se fonte de dor e castigo, pouco saudável e fonte de revolta.

O nunca ser frustrado leva a uma confusão sobre o que é interno e externo, a uma ausência de limites e a um sentimento de omnipotência.

As frustrações incoerentes são de igual forma perniciosas. Neste caso da incoerência podemos falar das frustrações ambientais que podem ter sido excessivas e inadequadas, o bebé reage agressivamente com a emissão de sinais de forte agitação, como á espera de que alguém contenha as suas sensações e emoções ainda primitivas, intoleráveis ao pequenos ser. A mãe nestes casos, confunde as sensações, não as descodifica e vai provocando um terror sem nome.

Uma mãe suficientemente boa (Winnicott) tendo em conta as diferenças individuais, deve preencher os seguintes requisitos:
-Ser provedora das necessidades básicas do filho ( sobrevivencia fisica, e psiquica: alimentos, agasalhos, calor, amor, contacto fisico, etc.)
-Exercer a função de para-excitação dos estimulos que o ego imaturo do bebé não consegue processar pela sua natural imaturidade neurofisiológica. É vulgar ver mães sem saberem fazer quando um bebé esta carregado de estimulos e chora muito. Ou abanam a criança até á exaustão, ou ignoram-na deixando-a á sua sorte num choro sem fim. Bastava um pouco de calma e contenção e algum colo que desse protecção.
-Possibilitar uma simbiose adequada: as sensações corporais acima referidas adquirem na criança uma dimensão enorme. A mãe deve emprestar o seu corpo á criança e assim dar sentido a essas sensações possibilitando o "encaixe" dos corpos de ambos, o que se traduz na forma como a mãe pega na criança quando cuida dela para a alimentar, cuidar da higiene etc.
-Compreender e descodificar a arcaica linguagem do bebé. O bebé comunica através do choro. Chora quando quer comer, quando tem dores, quando está com frio ou calor, quando tem as fraldas sujas. Cabe á mãe descodificar esta linguagem. Quando a mãe baralha tudo e alimenta quando não tem fome, agasalha quando tem calor, está a criar confusão mental ( mundo da psicose) abrindo a porta para a doença.
-Ser uma presença continuada que " entende e atende" as necessidades básicas do bébe, o que lhe vai proporcionar um senso de continuidade, baseada na prazerosa sensação de que ela " continua a existir"


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