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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Castigos infantis. Para usar, mas não abusar !

Admitir que já se deu uma palmada a um filho é uma confissão penosa, mas há quem defenda que é castigo que pode ser usado - não como regra, mas como último recurso.


Alguma vez deu uma palmada ao seu filho? Sim ou não? A resposta é simples, só que boa parte dos pais tem dificuldade em confessá-la. Há sempre aqueles que dão voltas e voltas à conversa para no fim, muito a custo, admitirem que, afinal, houve uma vez ou outra em que, não conseguiram evitar, e acabaram por levantar a mão. Logo de seguida vem o remorso e instala-se a dúvida de não saber se falharam na educação das crianças. Para os papás que estão à espera que alguém os liberte da culpa, fiquem desde já conscientes de que essa tarefa é complicada.



Toda a gente está contra a palmadinha. A começar pelas Nações Unidas que há década e meia tenta convencer os 47 estados-membros a abolir a prática. E a terminar em Portugal que, em 2007, alterou a legislação para punir os castigos corporais. A lei não é nova, mas poucos adultos desconfiam que dar uma palmada ao filho é crime. A acrescentar há ainda o Conselho Europeu que desde 2008 tem a campanha "Levante a Sua Mão Contra a Palmada" para promover a educação positiva.

Ninguém portanto vai contra a corrente. Ou quase ninguém. John Rosemond é dos poucos pedagogos que desafiam os pais a recorrerem à palmada para educar os miúdos como forma de pôr um travão a um comportamento inaceitável. No seu livro "To Spank or not to Spank" ("Bater ou não Bater - Manual para Pais", editado pela Gradiva) o psicólogo americano não só assume a importância da palmadinha na educação das crianças como ensina os adultos a fazê--lo de forma correcta. O castigo deve ser aplicado na palma da mão ou, então, no rabo coberto de roupa.

Bater deve ser encarado como mais um recurso disciplinar ao alcance dos pais, mas aplicado com parcimónia, adverte o psicólogo infantil - uma vez por semana é muito para crianças pequenas; uma vez por mês é aceitável aos cinco ou seis anos; e ineficaz a partir dos nove ou dez anos de idade. As palmadas, em si, de nada servem se não surgirem imediatamente após o mau comportamento e sem uma "curta explicação" adicional para a criança perceber que se trata de uma consequência do seu acto. Caso contrário, avisa Rosemond, só agrava a má conduta. Usar as palmadas como forma de ultrapassar as próprias frustrações é a principal proibição imposta pelo director do Centro Para a Educação Parental Positiva, uma instituição vocacionada para o desenvolvimento infantil.

Mais do que previsíveis foram os insultos de que Rosemond foi alvo de colegas, pais e futuros pais, mas o certo é que a sua teoria não é de todo inválida para uma boa parte dos pedagogos portugueses. Sempre com as devidas ressalvas, advertem os especialistas. Desde já, a palmada é só o último recurso a usar quando todos os outros falharam. "Bater nunca é a solução, mas isso não significa que, muito pontualmente, uma palmada não resolva um problema", diz o pediatra Paulo Oom, esclarecendo que o castigo não pode ser recorrente.

A psicoterapeuta Cristina Nunes reconhece que o tema divide muito os especialistas, mas também admite excepções à regra: "É sempre de evitar, mas poderá ser usada como um reforço negativo e como última opção." É aquilo a que os especialistas em educação chamam de "palmada pedagógica" que, a ser aplicada, nunca deve ser banalizada, explica a psicóloga clínica Maria de Jesus Candeias: "Se for prática frequente, a criança não aprende nada e só irá agir por medo, além de copiar o modelo dos pais nas suas relações com os outros miúdos." Alternativas às polémicas palmadinhas não faltam. São as outras punições que podem ser aplicadas entre os dois e os 12 anos.

Retirar um privilégio ou privar a criança de um prazer são as estratégias mais eficazes. "A punição só entra na educação como o factor menos importante", conta Paulo Oom. Afecto e estimular os bons comportamentos estão em primeiro lugar, insiste o pediatra. O castigo pode ir da proibição de jogar videojogos ou ver televisão até retirar o brinquedo preferido: "Não há receitas únicas, o que resulta com um filho, pode não resultar com outro irmão", defende Cristina Nunes.

O castigo evolui à medida que as crianças crescem, mas há outros factores ainda mais importantes a ter em conta: "Não há idade para o castigo, existe sim uma responsabilização que deve ser exigida ao longo dos anos e ainda uma confiança que os pais devem estabelecer com os filhos." Para os mais preocupados com as consequências das punições, a psicoterapeuta deixa bem claro que os castigos não causam traumas nem interferem com o desenvolvimento da criança.

Mas só resultam mediante três condições, diz Maria de Jesus Candeias: "Têm de ser aplicados imediatamente após o acto, serem proporcionais à travessura e, sobretudo, coerentes." Significa isto que depois de aplicar a punição, não há como voltar a trás: "Muitos pais perdem o controlo porque um dia decidem castigar e, no outro dia, o mesmo erro da criança já não tem qualquer consequência." O ideal, aconselha Cristina Nunes, é que o castigo seja sempre pré-estabelecido: "Antes de fazer qualquer coisa de errado, a criança tem de saber que vai sofrer uma consequência."

por Kátia Catulo, Publicado em 05 de Setembro de 2009 Jornal i

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